terça-feira, setembro 13, 2005

Tudo o que te posso dizer

Sentir-me-ás assim agora. Os meus dedos ausentes tocam esta insignificância que é o desespero. A minha boca sussurra sentimento no bafo de um cigarro, que na ponta arde, como arde o meu peito quando me recordo... Pois assim se diz "he who forgets will be destined to remember".
A minha boca volta a sussurrar. Mais um bafo.
Elevo o olhar, contemplando o infinito, talvez... talvez a espera... sabe-se lá do quê...
Não esperes por mim, eu já terei partido. Às vezes a vida é assim... desculpa... é tudo o que te posso dizer.
As minhas mãos tremem... sabes porquê? É com um sussurro que te respondo que, a única certeza que se pode ter é que, nada na vida é certo, nada é garantido, só a experiência te ensina.
Não chores, por favor... um abraço... é tudo o que te posso dar.
Se eu soubesse, teria olhado para ti um segundo mais que fosse, que me permitisse guardar cá dentro essa linha tão perfeita que te define, e esse teu olhar de mil facetas, tão profundo como o mais profundo dos oceanos que compõem este mundo tão estranho... retribuir-te com o meu sincero olhar... é tudo o que te posso mostrar.
Fecho agora os olhos, baixo a cabeça. Mais um bafo no cigarro.
Sinto o meu corpo apático enquanto volto a enquadrar a realidade que me rodeia.
Apago o que resta do cigarro.
Saio.
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10 Setembro 2005
00:18