terça-feira, dezembro 27, 2005


Perdida nos pensamentos inacabados, tropeço na pedra da calçada de uma rua estreita, baça e irregular, iluminada sabe-se lá de onde. Sinto-a como um túnel interminável, onde o nevoeiro entranha pelos cantos como uma visita habitual neste submundo que tanta gente desconhece.
Sigo vagarosamente as linhas dessa rua, procurando um significado que insiste em me negar a sua existência.
Paro. Olho o relógio, 4:23.
Elevo o olhar. A noite já vai alta.
Acendo um cigarro.
Recomeço o toque compassado do meu andamento.
Em cada esquina que atravesso, sinto que me observam, me reprovam como se não devesse estar ali. Não era suposto. Não é este o meu lugar.
Dou uma passa.
Prossigo a minha procura. À tua procura. Às vezes penso que só aqui te poderia encontrar, no meio deste nevoeiro, qual sombra indecifrável. Porque é assim que te vejo... a forma mais pura das abstractas... uma complexidade inexplicável.
Mais uma passa.
Tantas vezes, se pudesse, mudaria o meu pensamento... tantas vezes, digo. Não te percebo, nem tu me compreendes, é assim que nos definimos: complexos.
Mais uma passa.
Chego ao fim da rua, o som dos meus passos , que outrora fazia eco, é agora abafado, perdido em tanto espaço que é uma imensidão de códigos, onde agora me encontro. Perdeste-me. Pior, perdeste-te.
Mais uma passa, e apago o cigarro na calçada velha. Atravesso a rua, mudo-me para o lado de lá.
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3:10
Filipa

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Ups!...

domingo, dezembro 18, 2005

Favorite quote

Não acredito nem naquilo que toco nem naquilo que vejo, mas unicamente naquilo que SINTO. Apenas o meu sentimento interior me parece eTernO, e incontestávelmente CERTO.
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Moreau

sábado, dezembro 17, 2005

Life


Natalie Shaw (Blueback)

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Federico Aubele


"Gran Hotel Buenos Aires" de Federico Aubele junta dub com tango
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O álbum de estreia do portenho Federico Aubele traz um encontro inusitado daquela forma bem caribenha de tratar música, o dub, com o tradicionalíssimo tango argentino. O resultado é um suave, contemporâneo e romântico cartão postal da capital Buenos Aires.
"Gran Hotel Buenos Aires" (ESL, 2004) traz doze faixas downtempo com um sofisticado ar de latinidade nos arranjos e sonoridades exuberantes. As batidas são sempre electrónicas, com uma queda mais para o trip hop e seus derivados do que para o tango tradicional.
O álbum foi lançado nos EUA em fevereiro último pela gravadora ESL, da dupla Thievery Corporation de Washington D.C., EUA, e ainda está sem distribuidor no Brasil. Além da direcção artística, Rob Garza e Eric Hilton da Thievery Corporation assinam também a produção do álbum junto com o argentino compositor de todas as faixas.
A discografia de Thievery Corporation mostra uma predilecção pelas paisagens sonoras atmosféricas, além da forte influencia de latin jazz. Estes elementos prevalecem também na sua produção em "Gran Hotel Buenos Aires". A estranheza que esta mistura provoca e o uso de violão acústico como instrumento principal na maioria das faixas dão a sensação que você está ouvindo algo que não é real. A faixa, "El Amor de Este Pueblo", por exemplo, conta com trechos de um discurso de Evita que Aubele baixou via Internet, aumentando a sensação de irrealidade.(...)
O album conta também com influências do tango de vanguarda do lendário compositor argentino Astor Piazzolla, que viram lounge. (...)
As composições de Aubele não são para a pista, tão pouco para fazer trilha para os botecos da vida - são suaves demais para isto. A música de Aubele é trilha para provocar sonhos e estimular saudades.
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in O Pulso
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Com uma sonoridade que por vezes nos lembra os tão famosos gotan project, sem deixar de lembrar sons latinos, é sem dúvida um álbum que vale a pena ouvir.
Aconselho.

domingo, dezembro 04, 2005

"Faltando-nos engenho e arte, barricamo-nos na impaciência das teorias".

sábado, dezembro 03, 2005

Log off?

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Caminhante

Caminhante, quem és tu? Vejo-te seguir o teu caminho sem escárnio, sem amor, com olhos indecifráveis, húmido e triste, como uma sonda que, insaciada, volta de todas as profundidades novamente à luz - o que será que procurava lá em baixo? -, com um peito que não suspira, com lábios que escondem o seu nojo, com uma mão que já só lentamente agarra: Quem és tu? que fizeste? Descansa aqui: este lugar é hospitaleiro para toda a gente - restabelece-te! E quem quer que sejas: O que te agrada agora? O que serve para te reconfortar? Basta que o digas: ofereço-te tudo que tiver! - "Para me reconfortar? Para me reconfortar? Ó tu, curioso, que estás a dizer! mas dá-me, peço-te - - " O quê? O quê? di-lo! - "Mais uma máscara! Uma segunda máscara!"...
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in Para Além de Bem e Mal
Nietzsche