terça-feira, julho 18, 2006

Madonna

Poor is the man whose pleasures depend on the permission of another

domingo, julho 02, 2006

Conhece-te a ti próprio - eis o que é difícil. Ainda posso conhecer os outros, mas a mim mesmo não consigo conhecer-me. Um fio - instintos e um fantasma... Dos outros faço ideia mais ou menos aproximada, de mim não faço ideia nenhuma. Há uma disparidade entre mim e mim. Há em mim o homem correcto, o homem igual a todos os homens - e o homem que lá dentro sonha, grita e é capaz, por insignificâncias, de imaginar um terramoto ou de desejar uma catástrofe. O que eu me tenho desfeito dos meus inimigos - o que é razoável - mas dos meus amigos que me fazem sombra!... O meu verdadeiro ser não é aquele que compus, recalcando lá para o fundo os instintos e as paixões; o meu verdadeiro ser é uma árvore desgrenhada - é o fantasma que nos momentos de exaltação me leva a rasto para actos que reprovo. Só a custo o contenho. Parece que está morto, e está mais vivo que o histrião que represento. Asseguro este simulcaro até à cova com os hábitos de compressão que adquiri. Não sei se a maior parte dos homens é assim - eu sou assim: sou um fantasma desesperado.
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Raúl Brandão, in O Pobre de Pedir