quinta-feira, março 31, 2005

A Silver Mt. Zion

He has left us alone, but shafts of light sometimes grace the corners of our rooms.
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13 angels standing guard'round the side of your bed...
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terça-feira, março 29, 2005

Caminho

É fina a linha de gelo por onde caminho, e onde me tento equilibrar. Sinto, em cada passo que dou, um pequeno estalido, como se o gelo estivesse prestes a quebrar a qualquer instante. E tão leve é a chuva que sinto cair no cabelo, escorrendo pela face, como se de suor se tratasse.
Tão longo parece o caminho. E tão grande é a esperança de chegar a terra firme.
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Filipa
29 Março 2005
01:55

segunda-feira, março 28, 2005

Sonho

Sinto, na escuridão que agora me envolve, a podridão de ter passado, a tristeza de o ter vivido, e a frustração de o ter sentido, sabendo que não poderia ter evitado. Abraça-me esta sensação odiosa que tanto desejava ser efémera, mas que parece eterna. Suas mãos tocam o meu corpo fraco, desfalecendo-o num chão que mais parece vazio, uma espécie de nada em tudo, onde tudo é um nada significantemente grande, que define a minha existência.
Fecho os olhos e, perante tal realidade obscura, tento, com um desespero brutal, levantar-me e encontrar algo a que me possa agarrar. Algo que sinta em mim ser seguro para avançar.
Quero acordar deste sonho horrível que me persegue, noite após noite, sem descanso. Revolto-me no meu leito. Sinto o corpo contorcer-se, incontrolavelmente... Grito... não saindo som algum. Olho as minhas mãos cheias de sangue, sem perceber como. Levo-as à boca, descobrindo a origem deste líquido que escorre nas veias. Sinto uma lágrima escorrer-me na face... fecho os olhos... e caio de joelhos, sentindo a fraqueza tomar conta de mim...
Abro vagarosamente os olhos, sugando uma soberba dor de cabeça. Solto um gemido enquanto tento levantar o meu corpo, cansado.
E um silêncio profundo envolve-me.
Ouvindo unicamente a minha respiração, ofegante, tento perceber onde estou.
Ponho agora os pés no chão, erguendo-me, com a percepção de que me encontro noutra realidade. A realidade palpável. "Estou acordada...", penso. Esfrego os olhos, vendo agora com a nitidez desejada. Estou no meu mundo.
Estou agora pronta para avançar.
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Filipa
27 Março 2005
02:37

quinta-feira, março 24, 2005

Um pouco de... Fernando Pessoa

Com que posso contar comigo? Uma acuidade horrível das sensações, e a compreensão profunda de estar sentindo... Uma inteligência aguda para me destruir, e um poder de sonho sôfrego de me entreter... Uma vontade morta e uma reflexão que a embala, como a um filho vivo...
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O pagão desconhecia, no mundo real, este sentido doente das coisas e de si mesmo. Como era homem, desejava também o impossível; mas não o queria.
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Conheço-me inteiramente, e, através de conhecer-me inteiramente, conheço inteiramente a humanidade toda. Não há baixo impulso, como não há nobre intuito que me não tenha sido relâmpago na alma; e eu sei com que gestos cada um se mostra. Sob as máscaras que as más ideias usam, de boas ou indiferentes, mesmo dentro de nós eu pelos gestos as conheço por quem são. Sei o que em nós se esforça por nos iludir. E assim à maioria das pessoas que vejo conheço melhor do que eles a si próprios. Aplico-me muitas vezes a sondá-los, porque assim os torno meus. Conquisto o psiquismo que explico, porque para mim sonhar é possuir, e assim se vê como é natural que eu, sonhador que sou, seja o analítico que me reconheço.
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(...) os meus sonhos erguem-se independentes da minha vontade e muitas vezes me chocam e me ferem. Muitas vezes o que descubro em mim me desola, me envergonha (talvez, por um resto de humano em mim - o que é vergonha?) e me assusta.
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(...) nessas horas lentas e vazias, sobe-me da alma à mente uma tristeza de todo o ser, a amargura de tudo ser ao mesmo tempo uma sensação minha e uma coisa externa, que não está em meu poder alterar. (...)
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O cansaço de todas as ilusões e de tudo o que há nas ilusões - a perda delas, a inutilidade de as ter, o antecansaço de ter que as ter para perdê-las, a mágoa de as ter tido, a vergonha intelectual de as ter tido sabendo que teriam tal fim.
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A consciência da inconsciência da vida é o mais antigo imposto à inteligência. Há inteligências inconscientes... brilhos do espírito, correntes do entendimento, vozes (...) e filosofias que têm o mesmo entendimento que os reflexos corpóreos, que a gestão que o fígado e os rins fazem de suas secreções.
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Há em olhos humanos, ainda que litográficos, uma coisa terrível: o aviso inevitável da consciência, o grito clandestino de haver alma.
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O Livro do Desassossego
Bernardo Soares

terça-feira, março 22, 2005

Amor vs Luxúria

- Sabes o que é amar?
- Amar? É dar, dar, dar e mesmo assim, querer dar ainda mais, sem esperar retribuição.
- E o que é luxúria?
- É tirar, tirar, consumir, devorar... Até não sobrar mais nada, e partir para novo capricho.
- Nesse caso, que sentes por mim? AMOR ou LUXÚRIA ?
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P.S. - Hei-de ler este livro. Obrigado pela sugestão.

segunda-feira, março 21, 2005

Confusão!!

Não sei o que sinto... pela primeira vez, deixo quase de escrever porque não sei o que sinto! Se umas vezes estou contente, logo de seguida sinto-me miserável!... É estranho, mas nem eu me compreendo. Não consigo expressar o que sinto, não me sai nada! Só superficialidades como estou a escrever agora...
Provavelmente será melhor deixar fluir os sentimentos, deixar de pensar naquilo que irei fazer e escrever, mas antes naquilo que poderei resolver...
Confusão, confusão....
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Filipa
14 Julho 2002
01:00 am
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Serra Mãe

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Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.
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Nem homens cortaram as veias,
nem o sol escureceu,
nem houve estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha mãe sorriu e agradeceu.
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Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.
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As nuvens não se espantaram
não enlouqueceu ninguém.
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Pra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha mãe.
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Sebastião da Gama
Pequeno Poema

terça-feira, março 15, 2005


You'll Smile To Me Anyhow, by Natalie Shaw

domingo, março 13, 2005

Porto em fotos VIII - (continuação)

Para esclarecer a minha dúvida anterior, acerca do edifício branco, fica aqui um pequeno excerto que encontrei acerca deste:
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A Casa do Cabido, anexa ao claustro e à Sé, é edifício arcaizante do primeiro quartel do séc. XVIII. Na andar superior estão expostas notáveis esculturas religiosas (dos séc. XIV a XVIII). Na antiga sala do cartório vêem-se painéis de azulejos, de Vital Rifarto. Na grande sala capitular destaca-se o tecto de masseira com pinturas de Giovani Battista Pachini (1737), representando catorze alegorias morais, dispostas à volta de S. Miguel, patrono do Cabido. Os lambrins de azulejo foram fabricados em Lisboa, contendo cenas de caça. No andar intermédio, constituído por quatro saletas abobadadas, está exposto o "tesouro" da Catedral. Em nove grandes vitrinas pode ver-se objectos de ourivesaria, paramentaria e livros litúrgicos, relativos ao culto catedralício.
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Casa do Cabido da Sé do Porto
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Estou esclarecida!
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P.S. - Quanto à Casa dos Orfãos, são os Salesianos, é também um edifício branco, visível das margens, mas situa-se no Largo Baltasar Guedes, perto de S. Lázaro, (mais concretamente, perto da Biblioteca Municipal do Porto, e da Faculdade de Belas Artes do Porto).

segunda-feira, março 07, 2005

Porto em Fotos VIII


[2004]


Um edifício branco, uma marca. Quase todas as imagens que representam o Porto incluem este edifício, seja em pano de fundo de pessoas que falam através do Porto para o telejornal, seja em fotos do Porto a partir de Gaia com o Rio Douro, etc.
Apenas uma pergunta: que função tem este edifíco??... Tou farta de perguntar a toda a gente (do Porto), e ninguém me sabe dizer!...
Incrível não?..

terça-feira, março 01, 2005

Diagnóstico

O amor é uma doença, consome-nos por fora e cega-nos por dentro, ao ponto, muitas vezes, de passar alguém ao nosso lado que podia ser perfeito, e nós nem darmos por isso...
É difícil abrir o espírito quando alguém insiste em fechá-lo. Alguém que não quer saber de nós, mas que nos mantém presos em silêncio.

Filipa
01 Janeiro 2002
03:38