domingo, fevereiro 26, 2006

Tudo é uma repetição

Volto ao mesmo café de sempre, à mesma mesa de sempre, e acendo um cigarro. Este mata imenso, como todos os outros. Sorte a minha, mata aos poucos.
Peço um café, e olho para a habitual vitrina, com a sua habitual dança de corpos sem alma. E o dia está claro. Às vezes tudo está claro, menos aquilo que me dão a ver.
Talvez o meu problema seja esse, o que vejo não é aquilo que sinto. Nova sorte.
Chega o café, acompanhado de nova passa, novos corpos, estranha sensação… chegaste.
Sentas-te, sorridente. Reflectes a claridade que o dia transparece, mas há qualquer coisa diferente em ti. Não te estou a reconhecer…Onde foste?... Que fizeste?... Porque me sorris dessa maneira?...
Não me respondes.
Dou mais uma passa. Deixas-me dilacerada...
O teu olhar, a tua expressão… Movimentas-te como se tudo te fosse indiferente…
E eu que não te esqueço…
Deixas-me assim, entre a vida e a escuridão.
Mais uma passa.
Segue-se o café.
E mais uma derrota… Não me dizes nada, nem precisas, o teu olhar diz tudo… Tens pena deste nosso desfecho… eu também… mas porque acabou…
Mais uma passa.
Levantas-te, e sais, deixando tudo em plena escuridão… E eu que não me encontro…
Apago o cigarro, e perco-me sem sentido… por aí…
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Filipa
26 Fevereiro 2006
02:43

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Ninguém é normal no que diz respeito ao sexo. Previsível , talvez, mas normal não.
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in Pó Branco, Luz Verde
James Hawes
Tão efémeras, as cumplicidades radiosas. Encontros de pele, de atmosferas, flutuando como nuvens para o paraíso do esquecimento. Acreditava que o sentido da minha vida estava nesses encontros, e confronto-me agora com a falta que tu me fazes. Tu roubas-me o sentido, viciei-me nesse roubo, talvez seja ainda um vício do sentido, o supremo. Nós nunca fomos cúmplices, sabíamos demais um do outro. Éramos promíscuos. Dedicávamo-nos a combater o pensamento um do outro para chegarmos à névoa humana. Traías-me, traíste-me inúmeras vezes e nunca chegavas a tocar a fímbria da traição. Diziam que eu te perdoava tudo. Como se iludiam. Nunca tive nada para te perdoar, vejo-o agora, com uma nitidez impossível. Gostavas dessa forma de intimidade rápida que é a discórdia. Eu também. Éramos imperdoáveis, seremos imperdoáveis um do outro, cascos naufragados no negro incêndio do mar.
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in Fazes-me Falta
Inês Pedrosa

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Talk

Oh brother I can't, I can't get through
I've been trying hard to reach you 'cause I don't know what to do
Oh brother I can't believe it's true
I'm so scared about the future and I wanna talk to you
Oh I wanna talk to you
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You can take a picture of something you see
In the future where will I be?
You can climb a ladder up to the sun
Or write a song nobody has sung
Or do something that's never been done
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Are you lost or incomplete?
Do you feel like a puzzle, you can't find your missing piece?
Tell me how you feel?
Well I feel like they're talking in a language I don't speak
And they're talking it to me
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So you take a picture of something you see
In the future where will I be?
You can climb a ladder up to the sun
Or write a song nobody has sung
Or do something that's never been done
Or do something that's never been done
.
So you don't know where you're going and you wanna talk
And you feel like you're going where you've been before
You tell anyone who'll listen but you feel ignored
Nothing's really making any sense at all, let's talk
Let's talk, let's talk, let's talk.
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by Coldplay

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Join me in

Life imitates ART

Feira das vaidades

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Não Podemos Escrever Sem a Força do Corpo

A escrita torna-nos selvagens. Regressamos a uma selvajaria de antes da vida. E reconhecêmo-la sempre, é a das florestas, tão velha como o tempo. A do medo de tudo, distinta e inseparável da própria vida. Ficamos obstinados. Não podemos escrever sem a força do corpo. É preciso sermos mais fortes que nós para abordar a escrita, é preciso ser-se mais forte do que aquilo que se escreve. É uma coisa estranha, sim. Não é apenas a escrita, o escrito, são os gritos dos animais da noite, os de todos, os vossos e os meus, os dos cães. É a vulgaridade maciça, desesperante, da sociedade. A dor é, também, Cristo e Moisés e os faraós e todos os judeus e todas as crianças judias e é, também, o lado mais violento da felicidade. Acredito nisso, sempre.
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in 'Escrever'
Marguerite Duras

sábado, fevereiro 11, 2006

Ninguém sabe

Ando. Corro. Salto. Grito. Caio.
Nada me alivia a pressão interior que sinto. Sorrio, falsamente, dizendo que está tudo bem.
Ninguém sabe.
É assim que fecho os olhos e recomeço esta caminhada imaginária. E sinto os meus passos a dobrar por entre as sombras que agora não distingo.
E já não quero saber.
Perguntas-me. Respondo-te "está tudo bem", mesmo quando mais preciso de ti.
Não deste conta. Ninguém reparou. Ninguém sabe.
E não me olhem assim... porque eu estou bem, mesmo quando não estou.
Dobro a esquina, e não sei onde me encontrar.
Ninguém sabe.

11.02.06
02:25
Filipa

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

by Lichtenstein
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What is THAT?

Desabafo

Desilusão...
é o que sinto de todos vocês
E quanto ao resto...
não vos compreendo, e já nem quero sequer tentar