Tudo é uma repetição
Peço um café, e olho para a habitual vitrina, com a sua habitual dança de corpos sem alma. E o dia está claro. Às vezes tudo está claro, menos aquilo que me dão a ver.
Talvez o meu problema seja esse, o que vejo não é aquilo que sinto. Nova sorte.
Chega o café, acompanhado de nova passa, novos corpos, estranha sensação… chegaste.
Sentas-te, sorridente. Reflectes a claridade que o dia transparece, mas há qualquer coisa diferente em ti. Não te estou a reconhecer…Onde foste?... Que fizeste?... Porque me sorris dessa maneira?...
Não me respondes.
Dou mais uma passa. Deixas-me dilacerada...
O teu olhar, a tua expressão… Movimentas-te como se tudo te fosse indiferente…
E eu que não te esqueço…
Deixas-me assim, entre a vida e a escuridão.
Mais uma passa.
Segue-se o café.
E mais uma derrota… Não me dizes nada, nem precisas, o teu olhar diz tudo… Tens pena deste nosso desfecho… eu também… mas porque acabou…
Mais uma passa.
Levantas-te, e sais, deixando tudo em plena escuridão… E eu que não me encontro…
Apago o cigarro, e perco-me sem sentido… por aí…
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Filipa
26 Fevereiro 2006
02:43