quinta-feira, dezembro 01, 2005

Caminhante

Caminhante, quem és tu? Vejo-te seguir o teu caminho sem escárnio, sem amor, com olhos indecifráveis, húmido e triste, como uma sonda que, insaciada, volta de todas as profundidades novamente à luz - o que será que procurava lá em baixo? -, com um peito que não suspira, com lábios que escondem o seu nojo, com uma mão que já só lentamente agarra: Quem és tu? que fizeste? Descansa aqui: este lugar é hospitaleiro para toda a gente - restabelece-te! E quem quer que sejas: O que te agrada agora? O que serve para te reconfortar? Basta que o digas: ofereço-te tudo que tiver! - "Para me reconfortar? Para me reconfortar? Ó tu, curioso, que estás a dizer! mas dá-me, peço-te - - " O quê? O quê? di-lo! - "Mais uma máscara! Uma segunda máscara!"...
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in Para Além de Bem e Mal
Nietzsche