terça-feira, fevereiro 22, 2005

Génios!...

Há duas espécies de génio: um que, antes de mais, fecunda e quer fecundar outros, e outro que prefere ser fecundado e parir. E da mesma maneira há entre os povos geniais aqueles a quem coube o problema feminino da gravidez e a missão secreta de formar, amadurecer e aperfeiçoar - os gregos, por exemplo, foram um povo desta espécie, assim como os franceses - , e outros que têm de fecundar e ser a causa de novas ordens de vida, - como os judeus, os romanos e talvez, perguntando-se com toda a modéstia, os alemães? - povos atormentados e extasiados com febres desconhecidas e irresistivelmente impelidos para fora de si próprios, apaixonados e ávidos de raças estranhas (aqueles que se «deixam fecundar» - ) e, com tudo isso, ávidos de domínio, como tudo o que se sabe cheio de força geradora e, por conseguinte, escolhido «pela graça de Deus». Estas duas espécies de génio procuram-se como o homem e a mulher; mas também se dão mal mutuamente, - como o homem e a mulher.
Nietzsche
in Para Além de Bem e Mal